quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O elo mais fraco


De uma forma ou de outra, todos já nos entregámos ao exercício de dizer que animal seríamos caso pudéssemos escolher. No que me toca, no mar sempre me tentaram os golfinhos, em terra os cães e no ar os falcões. Todos, de uma ou outra maneira, ligados aos humanos. Ou talvez seja porque não têm as vistas curtas. Não sei.

A verdade é que sempre antipatizei com aqueles bicharocos que vêem mal, que confundem o cinzento com outras cores e que não conseguem distinguir para além do óbvio. Um pouco assim como aqueles rapazinhos geniais, chegados do Canadá e de Bruxelas com toda as certezas e mais uma na bagagem.

Refastelados nos cadeirões do poder, sacaram de toda a sapiência universitária para fazerem continhas de merceeiro – ora temos que pagar tanto... hummm... hummm... corta aqui, corta ali, imposto acolá... já está! Receitas zero.

São de facto notáveis estes rapazinhos que o Passos Coelho tirou da cartola. Conseguem mesmo imaginar receitas impossíveis, incapazes de pensar um segundo que seja para chegarem à conclusão que o povo vai fugir de scuts portajadas e, pior, os estrangeiros deixarão de vir porque não estão para pagar as exorbitâncias que lhes são exigidas para circularem nas nossas estradas.

Exemplo número um: a rapaziada de Sócrates decide portajar a A28. Resultado – no curto espaço de um ano 100 mil galegos optaram por desistir de viagens ao Norte do país. Se cada um gastar na estadia, em média, digamos que uns míseros 100 euros, foram 10 milhões que foram ao ar. Em 10 anos perder-se-ão pelo menos 100 milhões. Brilhante, sem dúvida.

E o que irá suceder na A22? Quantos estrangeiros deixarão de cá vir? E a publicidade negativa? Iremos perder o quê? Digamos 300 mil turistas por ano? A uma média de 300 euros por cabeça? É que é bom que não esqueçamos que estamos a falar do Algarve, com uma estadia média de pelo menos uma semana... Isso dá quanto? Uma perda de 90 milhões de euros anual? Ou seja, 900 milhões em 10 anos? Mais o desemprego que vai acarretar? Sim senhor, cabecinhas brilhantes...

E que dizer da extraordinária medida de acabar com os contratos dos professores de Português que estão a leccionar lá fora? Cerca de 40 foram despedidos por telefone. Boa... E poupou-se quanto? Um milhão por ano? Vá lá, 1,5 milhões... esqueceram-se foi de dois pormenores importantes, para já não dizer dois pormaiores: é que atentaram contra a língua-mãe e provocaram um movimento de protesto por parte dos emigrantes, que ameaçam vetar 2,4 mil milhões em remessas.

Já para não falar das espantosas receitas que ambicionavam arrecadar com a subida do IVA. Acontece, porém, que o povinho é lerdo mas não é estúpido de todo. Já pensaram na quantidade de TPA's que foram desligadas desde que implementaram tão brilhante medida? E agora vão cobrar o quê?...

Senhores Vítor Gaspar e Álvaro Pereira, os caríssimos doutores podem ser muito bons a dar aulas a meninos, mas de coisas sérias os senhores não percebem nada. Doutores, vocês são o elo mais fraco. Adeus.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Pedro Passos Coelho - episódio 11


Este textículo é de autoria da minha mulher, Ana Margarida

Por falta de tempo, não passo muito tempo em frente do televisor. Mas sempre que nos media me aparecem os shares, gosto de apreciar. Ora tenho reparado que os portugueses adoram telenovelas e, sobretudo, reality shows e isso dá-me que pensar, pois neste sector Portugal tem uma novidade inolvidável e que não é um remake: Portugal e o Futuro.

Refiro-me ao reality show do nosso governo, do qual não quero dar grandes opiniões. Só me preocupa o porquê de os programas de informação, sobretudo os de horário nobre, das 8 da noite, não conseguirem atingir maiores índices de audiência.

Para além da emotividade das medidas de austeridade tomadas quase diariamente, anunciadas pelo nosso viscoso ministro das Finanças (não consigo sentir outra coisa em relação ao senhor, mas não tomem como pejurativo, pois a viscose é um óptimo material) ou mais raramente pelo próprio nosso Primeiro, estas declarações deveriam criar tanta adrenalina nos portugueses como o body jumping.

Ainda hoje, 13 de Outubro, com um ar de patrão para empregado: quem me dera pagar-lhe 1500 euros, mas só posso dar 490 – Pedro P. Coelho anunciou que a função pública e os aposentados que auferem mais de 1000 euros perderão o 12º e 14º meses. Ora vejamos, isto faz muita gente feliz: “Ó Júlia, isto não tem nada a ver com a gente, ainda bem que só ganhamos o ordenado mínimo!”.

Quanto à meia horazita a mais no dia de trabalho - depois de dar o pequeno-almoço aos miúdos às 7 da manhã, fazer a merenda, levá-los à escola, fazer o seu trabalhinho, ir ao Continente, fazer o jantar e ouvir a declaração do nosso Primeiro, isto tira logo a vontade a qualquer um de ir passar-a-ferro ou de ver o “Remédio Santo” e “a Casa dos Segredos”.

Estou convencida que futuramente os portugueses (que puderem) vão escolher a telenovela Pedro P. Coelho, até porque cada vez vai ser mais escaldante e levar o país a afundar-se.

Mas temos a nossa estrelinha de sorte. Estamos no Atlântico... Imaginem se estivéssemos no Alaska.

domingo, 9 de outubro de 2011

Ai, América, América...


Tenho poucas certezas na vida. Uma delas, porém, considero-a irrefutável: a eleição e consequente reeleição (porventura ambas fraudulentas) de George W. Bush para a Presidência dos Estados Unidos da América constituíram uma das maiores tragédias que afectaram a Humanidade no século XXI.

Poderia citar vários exemplos para apoiar esta tese, mas fico-me por aquilo que toda a gente sabe: o encobrimento aos ataques do 11 de Setembro, que possibilitaram um retrocesso tremendo nos direitos cívicos e humanos a nível global; as consequentes guerras no Afeganistão e no Iraque; a actuação pornográfica da alta finança, que descambou no descalabro do Lehman Brothers e na consequente falência de milhões de pessoas a nível mundial.

Vem isto a propósito das eleições que se avizinham nos Estados Unidos e que, como sempre, terão consequências a nível global. Antes de mais um esclarecimento: não simpatizo particularmente com Obama e com os democratas, mas considero-os muitíssimo mais preparados para enfrentarem e ultrapassarem com o êxito que todos desejamos o actual estado de coisas, provocado, repito, pela estupidez de Bush e sus muchachos.

Obama, por razões óbvias (crise global, insatisfação crescente de um eleitorado que perde poder de compra a cada lua cheia), corre um sério risco de não ser reeleito. No próximo ano arriscamo-nos assim a ter o mais que provável candidato republicano, Rick Perry (governador do Texas), a assumir-se como novo inquilino da Casa Branca.

Perry, WASP como convém (white,anglo-saxonic and protestant), deverá recolher as preferências da maioria de um eleitorado que sempre olhou com desconfiança para o tom da pele de Obama. Ou seja, os republicanos, apoiados por essa coisa extraordinária que é o Tea Party, voltarão ao Poder. E com ele regressarão personagens de banda desenhada, já não o clã Bush, mas gente da estirpe de uma Sarah Palin ou Ritch Workman.

Palin (ex-governadora do Alasca e antiga candidata à vice-presidência) é um verdadeiro ícone daquilo que é hoje o Partido Republicano – estúpida como uma galinha. Atente-se em algumas das suas extraordinárias posições políticas: questionada na CBS sobre a sua falta de experiência em política externa, mostrou-se indignada: “Quando Putin olha para os Estados Unidos onde é que põe os olhos primeiro? No Alasca, está bom de ver! Como podem dizer que não percebo de política externa?”.

Na mesma CBS, perguntaram-lhe que tipo de revistas ou jornais costuma ler. “Bem, isto é... este e aquele... enfim, todos os que põem à minha frente!”. Outro exemplo: através do Tweeter, perguntaram-lhe por que tinha dito a palavra “refudiada”. Simples: “Ora, vem de refudiar. Até o próprio Shakespeare utilizava novas palavras. Todas as línguas são evolutivas e acho muito bem!”.

Mas há mais. Ainda no que diz respeito à política externa, perguntaram-lhe no talk-show radiofónico de Glenn Beck o que faria no caso de haver hostilidades na península coreana. “Faria o óbvio! Apoiaria os nossos aliados: os norte-coreanos!”. Ou esta: numa angariação de fundos para a construção de escolas primárias no Afeganistão, teve esta tirada brilhante: “Estou muito feliz por estar aqui a ajudar os nossos vizinhos afegãos”.

Que Sarah Palin é estúpida não restam dúvidas. Mas que dizer do seu émulo da Flórida Ritch Workman? Preocupadíssimo com o índice de desemprego que afecta aquele estado, diz ter encontrado a situação ideal: é preciso levantar o ânimo aos americanos. E para que isso seja alcançado é necessário que se divirtam. Assim, nada melhor que voltar a autorizar uma modalidade que tinha sido proibida no início da década de noventa: o congressista quer que volte a ser possível que o pessoal que vai aos bares beber uns copos seja novamente autorizado a... atirar anões contra as paredes!

É verdade, por incrível que pareça!, que uma das maiores animações dos bares da Flórida consistia em esborrachar anões contra a parede, mas devido ao número de paraplégicos a coisa acabou por ser proibida. Workman pretende que a medida seja revogada. É que, diz ele, não só voltava a haver emprego para os anões mas também a malta ficava mais animada.

Eu, que não percebo patavina da politiquice americana, atrevo-me a sugerir uma medida de alcance mais amplo ao senhor Workman: pegar em todos os republicanos e membros do Tea Party, enfiá-los nos porões de navios-tanque, e despejá-los no meio do Atlântico. É que, assim, o mundo via-se livre de uns quantos milhões de imbecis e sobrava emprego para uma série de gente...

domingo, 2 de outubro de 2011

Ó, homens da minha terra...


Recordo-me de ter lido, aqui há uns anos, uma notícia que dava conta de uma mulher que se tinha lançado ao mar, no porto de pesca da Póvoa, para salvar gente que ali tinha caído e que corria risco de afogamento nas águas invernosas.

Já não me recordo se os esforços dessa valente poveira foram coroados de êxito, mas quero crer que sim. Do que me lembro, com exactidão, foi do que ela disse aos envergonhados pescadores, poveiros como ela, que ali se encontravam e que tiveram medo de se lançar ao mar: “Onde estão os homens da minha terra?”.

Confesso que nos últimos tempos tenho feito a mim mesmo essa pergunta. Vejo, cada vez com maior frequência, os homens da minha terra entregues à bebedeira, à droga, ao vício, à inacção. Quem arca com tudo, claro, são elas. Inclusive com eles.

É verdade que todos, pelo menos os da minha idade, crescemos numa sociedade patriarcal, onde fazíamos pouco ou nada para além do trabalho que nos competia. Gradualmente, esse estado de (tristes) coisas foi-se transformando e os que tiveram vergonha na cara aprenderam pelo menos a aspirar o pó da sala, a fritar ovos com salsichas, a lavar a louça e a tomar conta dos fedelhos. Pelo menos de vez em quando. Quanto mais não fosse para disfarçar uma desfaçatez herdada da noite dos tempos.

Claro que todos sabíamos que fazíamos de conta que mandávamos nelas, embora ninguém ignorasse que eram elas que, de facto, mandavam lá em casa. Mandavam caladas, é certo, mas mandavam. E se entrassem em greve (Deus nos livre...) seria uma desgraça e um caos pior do que o fim dos tempos.

Aos homens competia uma coisa simples – ser homem. Fosse lá o que fosse que isso significava. Talvez não ser nem demasiado feio, nem demasiado estúpido, ter o seu quê de simpático, levar dinheiro para casa e ser, digamos, fisicamente saudável. A coisa era simples e funcionava.

Hoje, os homens da minha terra são feios, estúpidos, abrutalhados, preguiçosos e, em muitos casos, desconhecem as mais elementares artes de marinharia e confundem mesmo a proa com a ré. Sinceramente começo a ficar preocupado com este estado de coisas. Até quando é que elas nos irão aturar?...

sábado, 17 de setembro de 2011

A Madeira é um jardim


O esbulho de metade do subsídio de Natal lançado pelo Governo para colmatar os sucessivos buracos orçamentais vai afectar, como é óbvio, milhões de portugueses, de forma directa ou indirecta. Essa medida permitirá arrecadar cerca de 800 milhões de euros. Trata-se de um enorme sacrifício pedido a todos para corrigir as asneiras de alguns, mas que dizer do que se passa na Madeira?

Fruto dos sucessivos disparates (que outro nome dar-lhe? Roubos?...) da governação de Alberto João Jardim, sabe-se agora - apenas e exclusivamente graças ao FMI e à troika - que há um buraco na Madeira da ordem dos 1113 milhões de euros. Quem vai pagar? Os pacóvios de sempre, como é evidente: os contribuintes.

Se arrecadar 800 milhões já vai doer aos portugueses (os tais “cubanos”...), que dizer dos 1113 milhões da Madeira? Ninguém diz nada? Ninguém faz nada? Mas como é isto possível? Está bem António José Seguro quando afirma que o PSD deve retirar, de imediato, a confiança política ao senhor Jardim.

Pelo contrário, está muito mal Pedro Passos Coelho quando se cala. Da mesma forma Cavaco Silva. Cada vez mais é perceptível que o presidente tem um gosto muito duvidoso para escolher os amigos - Dias Loureiro, Duarte Lima, João Jardim. Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és?...

Diz-se agora que, segundo a lei, Jardim pode incorrer numa multa de 25 mil euros. Ridículo! Mas ninguém prende este senhor, capaz dos maiores insultos e de incríveis tropelias? Portugal não passa, afinal, de uma qualquer república das bananas?...

Igual a si mesmo, Jardim esbraceja e argumenta que é tudo mentira, inventada por “um país decadente”. Mais: regressa às ameaças. Afirma que se “isto continuar” terá de “reflectir” e que será tempo de cada um seguir o seu caminho. Ou seja, ameaça com um separatismo que, se pôde ser perdoado em 1975, não o deve ser hoje.

A lei é clara. Reza o Código Penal, na sua vertente de traição à Pátria (artº 308º, alínea a): “Aquele que, por meio de usurpação ou abuso de funções de soberania, tentar separar da Mãe-Pátria (…) todo o território português ou parte dele (...) é punido com pena de prisão de dez a vinte anos”.

Eu acuso: Alberto João Jardim é um traidor à Pátria! E agora? De que está à espera o Ministério Público para levar este senhor a julgamento?...

sábado, 10 de setembro de 2011

Primavera de incerteza


Hosni Mubarak pode ser catalogado como ditador? Pode. E Ben Ali? Também. E Assad? Idem. E Kadhafi? Sem dúvida. Assim como muitos outros, de Marrocos à Arábia Saudita. É a Primavera Árabe digna de simpatia? Com certeza. Será motivo para, no Ocidente, batermos palmas? Duvido.

Duvido porque estamos a substituir o certo pelo duvidoso. Pessoalmente agradar-me-ia ver cair todos os ditadores, seja de que quadrante for – no Magreb, no Mashrek, na Ásia e na África Negra, com o senhor José Eduardo dos Santos à cabeça. Sucede, porém, que não tenho a memória curta.

Alegrei-me com a queda do xá, nos idos de setenta do século passado. Assisti, depois, à ascensão de uma catrefa de salafrários que ainda perduram e que fizeram mergulhar o Irão num obscurantismo medieval sob a bandeira da religião. Senti, como sinto, saudades de um patife chamado Reza Pahlavi.

Tenho como certo que a pusilanimidade é inversamente proporcional aos cabelos brancos. Talvez por esse motivo duvide da bondade de intenções do Ocidente (leia-se americanos e sus compadres) quando diz alegrar-se com a sucessiva queda de regimes às mãos da Primavera Árabe.

Sonha-se, diz-se, com um Mare Nostrum democrático e progressista. Receio bem que o verdadeiro sonho que povoa o imaginário dos donos de Obama se traduza numa pirâmide de barris de petróleo ao preço da chuva.

Da mesma forma que sei que a chuva é tão rara no Magreb e no Mashrek como os laivos democráticos dos seus dirigentes, também não ignoro que os salafrários da Irmandade Muçulmana não vão querer perder a oportunidade para colocarem os seus muftis e ayatollahs no lugar dos ditadores.

Quer isto dizer que tenho alguma coisa contra muftis e ayatollahs? Não, não tenho. Assim como não tenho contra o Papa e os seus cardeais. Tenho, isso sim, uma desconfiança que reputo de legítima quando vejo a religião imiscuir-se nos assuntos de Estado e, muitas vezes, confundir-se com o próprio Estado.

Não gostava de Mubarak, assim como não gosto de ditadores. Mas gosto menos de hordas fanáticas. Como aquela que atacou a Embaixada israelita no Cairo. Foi o primeiro sinal de uma nova (des)ordem. Esperemos pelos próximos capítulos.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Por que não te calas?!!!


Não sei, sinceramente não sei, se as viagens em executiva da eurodeputada Ana Gomes custaram aos contribuintes portugueses 1,1 milhões de euros, resultantes das 728 deslocações entre o esgotante hemiciclo de Bruxelas e Lisboa, ao longo dos sete anos que leva no desempenho de semelhante provação pública. Mas se não custaram aquele valor (ao preço de 1.500 euros por viagem) andam perto disso. E sem contar com os táxis. Eu, como contribuinte, tenho o direito de saber para onde vai o meu dinheiro. Já a licenciada em Direito Ana Gomes não tem o direito de ser ordinária.

Como pagador de impostos, eu tenho o direito de saber se os escândalos do consulado socialista - Freeport's, BPP's, SLN's, Faces Oculta's - serviram ou não para engordar a conta deste ou daquele deputado, deste ou daquele ministro, deste ou daquele primeiro-ministro. Como não sou ordinário, não sei nem me interessa se a licenciada em direito Ana Gomes é lésbica, se frequenta festas swinger's ou se anda enrolada com este ou com aquele. A única coisa que me interessa é se é séria e competente no desempenho das suas esgotantes funções no Parlamento Europeu, para as quais, aliás, é principescamente paga, ganhando o equivalente a 16 salários mínimos por mês, fora as alcavalas.

Seria importante que alguém dissesse à licenciada em Direito Ana Gomes que deveria preocupar-se com coisas importantes, como por exemplo os sucessivos escândalos de corrupção que assolam o seu partido e de que forma os socialistas vão limpar a imagem junto do eleitorado Português (com Francisco Assis? Boa piada...). Seria enfim importante que alguém dissesse a esta ordinária que não tem nada a ver se Paulo Portas é ou não homossexual, se o presidente do CDS anda enrolado com este ou com aquele, com esta ou com aquela. A única coisa que lhe deveria importar é que Paulo Portas seja um político sério, competente e que defenda os interesses de Portugal. Mas com isto claro que a senhora não está preocupada. Será que sabe o que isso é?...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Acabou o forrobodó


Portugal fechou um ciclo – o do forrobodó. Uma década de guterrismo e um lustro de socratismo culminaram na ruína do País. Nunca tão poucos, em tão pouco tempo, contribuíram tanto para a desgraça de tantos. Resta agora saber quem paga.

Pessoalmente não duvido da seriedade de António Guterres. Não se lhe conhecem escândalos de monta e, não obstante o seu consulado ter sido pautado por uma roubalheira desenfreada, quando muito terá pautado a sua acção pela omissão. É simplesmente incompetente. Já o mesmo não se passa com José Sócrates.

Aprendi cedo que é feio fazer chichi em cima de cadáveres. É isso que Sócrates agora é e confesso que para mim não tem quaisquer qualidades diuréticas. A única coisa que pretendo saber é de que forma é que este cavalheiro vai pagar as asneiradas que fez e que culminaram num prejuízo de milhares de milhões para os Portugueses. A serem pagos pelo Zé, como é lógico.

Sinceramente já não me interessa se o dito-cujo aldrabou ou não o seu certificado de habilitações. Mas sei uma coisa que todos os Portugueses sabem – que dantes era pobre e agora está rico. Para mim importa saber como enriqueceu. Com o salário dos cargos públicos que desempenhou? A ser assim, deve ser um gestor extraordinário. Pena é que não tivesse dado provas disso quando esteve no Governo.

Ou será José Sócrates rico graças a Freeport's, Face Oculta's e outras pornografias do mesmo quilate? Importa apurar a verdade. É o mínimo que eu e muitos Portugueses como eu exigimos. Este senhor, por pura teimosia e arrogância, protelou a chegada da ajuda externa. Isso custou-nos, tão-só, o nosso futuro e talvez o dos nossos filhos.

E agora? Sócrates sai impune? Vai embora em grande? Basta lavar as mãos e dizer até um dia destes? Por mim não. E por vocês?...

sábado, 14 de maio de 2011

Caranguejos ou concheiros?...


Com toda a franqueza, não sei se o nosso povo é simplesmente estúpido ou, como começo seriamente a recear, retardado de todo. Vem isto a propósito das últimas sondagens, que indiciam que o Partido Socialista poderá voltar a vencer as próximas legislativas e que o CDS arrisca-se a duplicar os votos. Quer dizer, os Portugueses preparam-se para dar o seu aval a gente que deu provas de clara incompetência e, pior, roubou às escâncaras o erário público.

Nunca tive grandes dúvidas quanto à verdadeira natureza do povo Português – gente fraquinha, herdeira dos Concheiros Ibéricos, que sobreviviam a comer os caranguejos que comiam a porcaria que os Concheiros faziam. Está tudo dito. A estupidez, a tendência para a preguiça, para a lei do menor esforço está assim explicada: é genética.

Vamos por partes e fiquemo-nos por agora pelo CDS. Não percebo como é que se pode votar num partido liderado por alguém que, quando pôde, pôs a mão no prato e fechou os olhos a um contrato que deu o aval à compra de submarinos alemães mal equipados e, fruto desse deficiente equipamento, onerados em 50 milhões de euros. Coisa pouca. Haja quem pague.

Na Alemanha – que como se sabe é um país atrasado e pobre -, o referido contrato já atirou para a cadeia quem prevaricou. Por cá, Catherine Deneuve, perdão, o senhor Paulo Portas, continua a mostrar a sua alva dentadura por tudo quanto é mercados e feiras. É verdade que ninguém tem nada a ver com o que este cavalheiro de farta cabeleira loura faz no Parque Eduardo VII, mas já é duvidoso que possa fazer o que quer com o dinheiro dos contribuintes. Não faz mal. Os Portugueses gostam dele e vão dar-lhe muitos votos.

No que toca ao senhor José Sócrates, a empatia com os Portugueses roça o masoquismo. Vamos lá ver. Este cavalheiro mente com os dentes todos (e são muitos...), rouba quando e quanto quer, enterra o País e hipoteca o futuro dos nossos filhos, e ainda vai ganhar as eleições? Bravo! Nem Kafka faria melhor.

A obra visível do senhor Sócrates (perdoem-me não lhe chamar engenheiro, mas sempre tive aversão a cursos tirados ao domingo...) seria capaz de satisfazer o apetite de um exército de caranguejos destinados a garantir a sobrevivência dos Concheiros. Ciente disso, este cavalheiro não pára de obrar – Freeport's, sucatas, BCP's, BPP's, Mota Engil's, parcerias público-privadas, TGV's, FMI's... é um fartar-vilanagem. Não há dúvidas. Já ganhou! Limpinho.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Palhaços somos nós!


Eu sei que é muito aborrecido dizer “estão a ver como eu tinha razão?”. Pois é, mas a verdade é que Portugal afundou-se como um prego ferrugento num redemoinho e não foi por falta de avisos. Há mais de um ano que aqui, neste blogue, se exortava os políticos a que adoptassem medidas muito sérias para evitar a situação que hoje vivemos. E se eu, um mero cidadão, sabia (não por ser alarmista, mas porque estava aos olhos de todos...), que dizer da gentalha que nos governa e dos que gravitam em torno do Poder?

Na minha opinião (embora saiba que para o Poder opiniões como a minha servem, quando muito, de papel higiénico...), o que se passou em Portugal nos últimos meses (já para não dizer anos) foi um crime de enorme gravidade e deveriam, como é evidente, ser assacadas responsabilidades a quem prevaricou. E foram muitos. E não só do PS. Veja-se,por exemplo, o caso dos submarinos, onde há gente presa na Alemanha (mas em Portugal está tudo bem, obrigado...).

O primeiro grande responsável tem rosto e nome. Chama-se José Sócrates e ocupa (ainda...) o cargo de primeiro-ministro. Não vou estar aqui a lançar atoardas sobre um eventual enriquecimento ilícito deste cavalheiro (Freeport's, sucateiros e quejandos são apenas a ponta do icebergue...), mas gostaria de saber, tão-só, por que é que demorou tanto tempo a pedir ajuda? Não está em todos os livros e manuais que se deve pedir auxílio quando os juros da dívida tocam na fasquia dos 7%?

Sócrates nada fez por duas razões – primeiro porque, como político medíocre que é, coloca os interesses do partido acima dos do país. Assim, fez os impossíveis para só pedir ajuda depois das eleições, de forma a não imputar a vinda do FMI única e exclusivamente às asneiradas socialistas; depois porque, como diz e muito bem o Professor Freitas do Amaral, perdeu a noção da realidade – é soberbo, teimoso, casmurro, irresponsável e incompetente e persistiu em continuar a conduzir o país a 200 à hora, mesmo sabendo que à frente estava um muro, contra o qual, como é evidente, nos atirou de cabeça.

Repito, não sei se Sócrates enriqueceu ilicitamente ou como enriqueceu (embora todos saibamos que é rico quando antes era pobre...), nem sinceramente isso me interessa para nada. Nem me interessa se é engenheiro ou se tirou o curso ao domingo. Sei, isso sim, que eu e os meus filhos vamos pagar pelas asneiradas e burrices cometidas por este senhor. Vocês também vão pagar. Todos vamos. Desculpem, e este cavalheiro vai continuar a andar por aí como se nada fosse? A rir-se de todos nós? Não acham que já chega de impunidade?...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Geração à rasca


Sinceramente, não sei o que vai dar o protesto deste sábado. Pode até ser que dê em nada, mas duvido. Sei uma coisa: que vou lá estar, em nome não só dos jovens deste País mas também dos menos jovens, inclusive daqueles que andaram toda uma vida a dar no duro e que hoje, já sem forças, são obrigados a viver da inaceitável caridade alheia.

Tal como muitos Portugueses, adorei o 25 de Abril e detestei aquilo em que se transformou. Porquê? Porque todos vimos uma classe política miserável a enriquecer de forma pornográfica, ao mesmo tempo que a classe média herdada do salazarismo era condenada a rivalizar, em qualidade de vida, com a malta das barracas, aqueles que nunca nada fizeram nem querem fazer.

Hoje, volvidos 37 anos sobre todos os sonhos defraudados, volta a dar-me muito gozo assistir a fenómenos como os Deolinda ou os Homens da Luta, fruto de uma geração que não é de todo rasca, mas que, em meu entender, está muito à rasca. Reconheço, sem esforço e com humildade, que a minha geração falhou. E falhou em toda a linha.

Acho muita piada àqueles que menorizam a juventude de hoje. Que são uma cambada de bêbedos, de drogados, de incultos, de preguiçosos, enfim, de parasitas. Nada mais falso. Ontem, tal como hoje, havia jovens para todos os gostos. Mas no meu tempo quem se esforçasse, quem estudasse, quem andasse na linha, tinha o futuro garantido. Hoje isso é impossível. Tira-se um curso (dificílimo...) de Economia e vai trabalhar-se para a Banca (com sorte...) a ganhar 500 euros por mês.

Reconheço que hoje poderá haver mais facilitismo. Que uma percentagem significativa dos jovens dá tudo por adquirido. Mas de quem é a culpa? Deles? Ou nossa? Será que não fomos nós que, em muitos casos, nos demitimos do nosso papel-dever de pais? É bom não esquecer que nos tempos que correm ninguém é velho aos quarenta ou aos cinquenta anos. Que sabe bem ir beber um copo ou passear com a patroa para aqui e para ali. E, claro, sem os fedelhos a chatear.

Em troca dessa demissão deixámos de saber dizer uma palavra muito simples: não! Deixámos de ter a coragem de lhes darmos uns tabefes quando eles merecem porque isso traz muitas chatices. Passámos a dar-lhes tudo e a exigir pouco em nada em troca. O que era verdadeiramente importante era que nos deixassem em paz para que pudéssemos gozar a nossa vidinha.

E agora vêm falar em facilitismo? Em geração-rasca? Não brinquem comigo! Nós falhámos. Pode ser que eles triunfem. Em frente, juventude! Todos para a rua, façam ouvir bem alto a vossa voz!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A César o que é de César...


“Há, na parte mais ocidental da Ibéria, um povo muito estranho, que nem se governa nem se deixa governar” - Júlio César, século I antes de Cristo.

Quanto mais conheço da História de Portugal, menos me dá vontade de conhecer. Fui educado, como todos nós, a exultar com os extraordinários feitos dos nossos ancestrais, com as suas conquistas, obtidas a maior parte das vezes graças a intervenção divina, com a herança sem par que o nosso povo, enfim, legou à Humanidade, através dessa gloriosa gesta constituída pelos Descobrimentos, que deu novos mundos ao Mundo.

Acreditava, sinceramente, que tínhamos um papel fantástico na História. Uma noite, num qualquer hotel em Belgrado, descobri que não era exactamente assim. Estava ali, eu, um português qualquer, a falar com dois amigos, um italiano e outro holandês. Disse-lhes exactamente o que pensava dos seus países e pedi-lhes que, em troca, me dessem a sua opinião sobre o papel desempenhado pelos Portugueses ao longo dos tempos. Mostraram-se algo embaraçados e ambos afirmaram que preferiam não o fazer. Perante a minha insistência disseram, em uníssono, que não passávamos de ladrões e assassinos. Confesso que fiquei ofendido.

Hoje, passados quase vinte anos desse episódio, reconheço que os meus amigos tinham razão. Por aqui passou o rebotalho da Humanidade – Suevos, Vândalos, Berberes. Tudo gente boa. E os que vieram substituir não eram melhores: os Concheiros Ibéricos, que comiam os caranguejos que comiam o que eles obravam. A coisa continuou a correr mal com os Afonsinos Visigodos, que arrasaram uma civilização muito superior à nossa, a dos Árabes.

O glorioso episódio da conquista de Lisboa, onde residia uma vasta comunidade Sefardita, é sintomático – D. Afonso Henriques entregou durante três dias a cidade aos Cruzados que o tinham ajudado e as patifarias cometidas por estes foram tantas que ainda hoje constam do Livro de Orações dos Judeus. E a História continuou o seu curso, de roubo em roubo, de assassinato em assassinato, até ao dia em que D. João, dito o Mestre de Avis, teve a ideia de atacar Ceuta.

Com os Descobrimentos, os Portugueses descobriram que podiam roubar o Mundo. E assim fizeram, sem pressas. Primeiro a África, depois o Oriente, finalmente a América. Recordemos aqui, porque importa, um episódio passado no século XVI, quando D. Afonso Albuquerque, dito o nosso maior cabo-de-guerra e que aprendi cedo a glorificar, fez o que melhor sabia: reuniu a sua esquadra em meia-lua e mandou abrir fogo sobre uma cidade inocente, antes de perguntar primeiro o que quer que fosse. A táctica era essa: disparar primeiro e perguntar depois.

Acontece que os capitães da esquadra, fartos de sucessivos massacres e porque, em virtude da nossa superioridade militar, bastava a aparição das nossas bandeiras para que qualquer um se rendesse, largaram os seus botes e dirigiram-se à nau almirante, rogando a D. Afonso Albuquerque que talvez fosse melhor perguntar àquela gente se entregava a cidade. O vice-rei fez o que melhor sabia: cortou aos atrevidos os respectivos narizes e orelhas e, claro, mandou abrir fogo.

Poderíamos continuar por aí fora, como o massacre cometido também no início do século XVI contra os Judeus de Lisboa, quando em pleno reinado de D. Manuel, dito o Venturoso, num só dia foram sacrificadas cinco mil almas inocentes. Tudo em nome da santa paz da Igreja Católica. Disso não se fala nos livros de escola. Como também lá não vêm as centenas de milhar de escravos levados de África para o Brasil, onde foram tratados como nós não tratamos o cão mais sarnoso.

E nem seria bom falar do que fizeram os Bandeirantes, responsáveis pelo massacre, roubo e violação de milhares de índios, cujo único crime consistia em viver numa terra que era sua. Ou dos milhares de inocentes purificados no fogo da sagrada Inquisição. Mas depois vieram dias gloriosos com a Guerra Peninsular. Ou pelo menos fizeram-nos crer que sim. Que expulsámos os Franceses sozinhos, quando na verdade a única coisa que as nossas tropas fizeram - na Roliça, no Vimeiro e no Buçaco - foi fugir ao primeiro tiro para regressarem depois ao campo de batalha, derrotado o inimigo pelos Ingleses, para saquearem os mortos.

Pois é, a nossa História é só glória. Pilhagens e assassínios, desde os primórdios até à actualidade. Fugimos quando adivinhamos força no adversário e somos impiedosos no caso contrário, como ficou bem demonstrado nessa gesta extraordinária que foi a Guerra Colonial. Perdida esta, limpámos o sangue das facas, guardámo-las para melhores dias e dedicámo-nos ao que melhor sabemos fazer - roubar. Olhámos para o lado e descobrimos um novo Brasil: Bruxelas, de onde surrupiámos rios de dinheiro a uns incautos que o entregavam de mão beijada, acreditando que íamos fazer alguma coisa pelo nosso País.

Quando deixaram de acreditar, os ladrões tiveram de descobrir um novo filão. Sem África, sem o Oriente, sem o Brasil, sem Bruxelas, restava-lhes roubar os próprios Portugueses. E assim fizeram, e fazem, com a maior desfaçatez e impunidade. E vieram os Freeport's, os BPN's, os BCP's, as SLN's e sabe-se lá mais o quê. Um dia, o País acordou e percebeu que estava na miséria. Importava fazer o impossível, para nos salvar da bancarrota. Foram impostas medidas que pediam mais e mais sacrifícios a um Povo com fome.

Já se sabe que ladrões não há só cá. Percebendo a debilidade do País, as aves de rapina lá de fora lançaram-se sobre nós como gato a bofe, procurando descortinar um pedaço de carne onde só havia ossos. A salvação possível residia no que parecia impossível - que nos governássemos. Que tivéssemos estabilidade e fôssemos responsáveis. Com o País a um passo do abismo, surgiram então os herdeiros naturais dos Berberes, quais ratos do deserto, a dizer que estava tudo mal e queriam um novo Governo. Golpe mortal. Política de terra queimada levada a cabo por irresponsáveis da Esquerda caviar que deveriam responder na Justiça pelos seus actos e pelas consequências que a sua miserável política acarretará para os Portugueses.

Já não tenho ilusões. Portugal é, sempre foi, um equívoco. Um país que nunca deveria ter existido. César, do alto da sua sagacidade e perspicácia política, aprendeu-o dois mil anos antes de mim...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Alô, diga lá outra vez???!!!...


Que eu era roubado pelo Estado já sabia, pela ladroagem do BPN, Freeport e quejandos também. Agora ser roubado pela dita merdocracia que nos tutela é que, confesso, foi uma novidade. Dizem, eu continuo a não acreditar, que Cavaco Silva ganhou as eleições presidenciais. Mas ganhou porquê? Porventura foi ele que teve mais votos? Mentira! Quem ganhou as eleições foram os Portugueses, que disseram alto e bom som que estão fartos desta palhaçada.

É verdade que, há cinco anos, Cavaco teve legitimidade democrática para reclamar a vitória. Porquê? Porque obteve 50.59% dos votos. E se imaginam que Manuel Alegre (com os seus 20.72%) ficou então em segundo lugar desenganem-se, porque esse lugar foi ocupado pela tríade abstenção-brancos-nulos, que alcançou 35.25% dos eleitores inscritos.

Consta que agora Cavaco teve 52.94% dos votos. Ou seja, uma suposta maioria absoluta. A Matemática (ou Estatística, chamem-lhe o que quiserem) é de facto uma coisa muito engraçada. É que as minhas contas são simples e fáceis de fazer – a abstenção foi de 53.57%, os votos brancos e nulos, somados, ascendem a 6.19%. Ora isto dá 59.76% (o que significa que em cada 10 Portugueses há pelo menos seis que desprezam estes ladrões). Mas então quem é que ganhou?

Acontece que a nossa dita democracia (assim mesmo, com letra pequenina) arranjou umas regras muito engraçadas – votos brancos e nulos não são validamente expressos e não contam para a percentagem final atribuída aos candidatos. Muito menos a abstenção.

Agora eu pergunto: se a abstenção mais os votos brancos e nulos, em vez de 59.76%, alcançar uns 70% ou 80% continua tudo na mesma? Será que há uma fasquia para a ilegitimidade? Serão 69.99% ou 79.99%? Talvez 99.99%?...

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sem palavras


Se um qualquer Português - que toda a vida trabalhou e sempre cumpriu com o seu dever – ficar a dever 100 euros, por exemplo, às Finanças é de imediato ameaçado com uma penhora. Se um qualquer desgraçado, por exemplo no desemprego, deitar a mão a 100 euros para dar de comer aos filhois vai parar à cadeia. É assim mesmo e todos sabemos que é assim. Como também sabemos que há leis para o comum dos mortais e outras para os chicos-espertos, ou seja, os que estão sob o guarda-chuva de qualquer aparelho político, de preferência ligado ao Poder.

Vem isto a propósito de um inquérito levado agora a cabo pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no Banco Privado Português (BPP, o qual onde o impoluto Manuel Alegre fez publicidade...). Pois bem, o que foi apurado é que houve ali um roubo. Não de 100 euros, nem de 100 mil, mas de... 100 milhões! Os culpados já estão identificados. Penhoras? Nenhuma. Prisões? Nenhuma.

Pois está claro que não podia haver consequências. Quem são os culpados? Vejamos – segundo a CMVM, trata-se de o senhor presidente do BPP, João Rendeiro, e de outros dois administradores, Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital. Todos estão acusados de branqueamento de capitais, burla, fraude fiscal e falsificação.

A investigação, tutelada pelo Ministério Público e levada a cabo pela Polícia Judiciária, sob a supervisão do DIAP, anda agora numa roda-viva, tentando apurar onde estão os 100 milhões. Sabe-se que, até agora, apanharam uns trocos, estando o grosso da quantia em paraísos fiscais.

Com franqueza faltam-me palavras para descrever o índice de despudor e sem-vergonha a que chegou este País. Perante uma impunidade total, os Portugueses são roubados e espoliados diariamente por uma clique miserável, cujo destino outro não deveria ser senão encostá-los a uma parede, tanto mal têm feito a Portugal. Porém, aposto singelo contra dobrado que estes senhores vão direitinhos para Cabo Verde passar os restos dos seus dias a comer lagosta no resort de Dias Loureiro. E vão em executiva.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Dois países


Os Portugueses estão a perder o sentido da realidade das coisas. Cada vez mais, há dois países – um pequenino, onde uma escassa minoria vive na opulência; outro enorme dentro da pequenez deste retângulo e que abarca a hoje esmagadora maioria dos pacóvios que habitam este quintal mal amanhado e que fazem o que podem para sobreviver um dia para voltarem a lutar no dia seguinte.

Tive uma perceção clara deste estado de coisas a assistir ao “Milionário Alta Pressão”, apresentado por José Carlos Malato, personagem com quem simpatizava e que, gradualmente, se transformou num pedante e pretensioso sem par, porventura para compensar a sua inabilidade para os talk-shows com que sonhou.

Perante um concorrente vindo de Vila Nova de Foz Coa, um jovem simpático, simples como só as gentes do interior ainda sabem ser, Malato perguntou: “Estava aqui a ver por onde andou... ó homem, você só foi a Paris?... Tem pouco mundo, hein? Com a sua idade já deveria conhecer mais coisas...”. O rapaz encolheu os ombros, envergonhado, e calou-se, resignado perante o enxovalho. Terá porventura pensado: “Pois, se eu tivesse o teu guito...”.

Pois é. Não foram só os bichas que perderam a vergonha. Os ricos também (embora no caso presente a verdade se adeque a ambas as vertentes...). Com o País a rebentar de miséria (só não vê quem não quer...), existe hoje um completo despudor – jóias, festas, iates, ferraris, mansões... tudo é mostrado às escâncaras, para que os pobrezinhos se roam de inveja.

Mal-educados, mal-formados, os novos-ricos não se coíbem de exibir a sua prosperidade, obtida na maioria dos casos à custa do zé-pagode, como sucede no caso dos gestores, que ganham numa hora o que muitos trabalhadores suam para receber num ano.

É o caso de Proença de Carvalho, o “responsável” com mais cargos entre os administradores não executivos das companhias do PSI-20, e também o mais bem pago. O advogado é presidente do conselho de administração da Zon, membro da comissão de remunerações do BES, vice-presidente da mesa da assembleia geral da CGD e presidente da mesa na Galp Energia. E estes são apenas os cargos em empresas cotadas, já que desempenha funções semelhantes em mais de 30(!) empresas.

Considerando apenas estas quatro empresas (já que só é possível saber a remuneração em empresas cotadas em bolsa), o advogado recebeu 252 mil euros. Tendo em conta que esteve presente em 16 reuniões, Proença de Carvalho recebeu, em média e em 2009, 15,8 mil euros por reunião. É obra!

A lista de “responsáveis” como Proença de Carvalho é imensa, nela avultando nomes como António Nogueira Leite, José Pedro Aguiar-Branco, António Lobo Xavier e João Vieira Castro, também eles “trabalhadores” incansáveis e, claro, regiamente pagos. Para se ter uma ideia da magnitude do que esta gente recebe, basta ver que por cada reunião do conselho de administração das cotadas do PSI-20, os administradores não executivos - ou seja, sem funções de gestão, ou seja, os que nada fazem... - receberam em 2009 a módica quantia de 7427 euros. E é uma lista sem fim...

A isto acresce o que todos sabemos: salários e mordomias de príncipe para os altos cargos da Função Pública, das fundações, dos institutos, da RTP. É um fartar-vilanagem de tal ordem que não me surpreende que essa gente se espante que haja um Português que, do mundo, só conhece Paris...

Eles, os nababos, conhecem tudo. De fato, só os cinco mil milhões de euros que roubaram no BPN e vão ser pagos por todos nós dão para muita limousine, muita jóia, muita festa nos casinos. Os outros, os Portugueses que do mundo só conhecem Paris, ficam do lado de fora, a vasculhar os restos nos caixotes do lixo.

Portugal, dois países de costas voltadas. Até ao dia em que se olhem nos olhos e desatem aos tiros. Estúpidos.



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domingo, 2 de janeiro de 2011

Eu também sou tarólogo!


O novo ano vai ser fantástico, uma espécie de plataforma para o que espera os Portugueses no dealbar de 2012: a completa ruína, com o País reduzido a uma pálida imagem das promessas que pareciam possíveis apenas há uma década.

Daqui a um ano, digo-vos eu, centenas de milhar de jovens terão abandonado o País, tal como o fizeram os seus pais nos idos de sessenta. Portugal, arruinado, passará de novo a sobreviver das remessas enviadas pelos novos emigrantes.

Assistiremos a um êxodo das grandes cidades, com retorno de muita gente às aldeias onde nasceram os seus ancestrais. Aí tentarão enganar a fome com o que a terra dá. O problema é que não o sabem fazer, pois cultivar e criar animais é uma ciência que não é para qualquer um.

Digo-vos eu que, no início de 2012, estaremos pior que há 50 anos. Na altura era mau, mas tínhamos ainda um aparelho produtivo – fábricas, pescas, agricultura. Hoje não temos nada. O escudo era mau, mas muito melhor que o euro. Abençoada União Europeia, que nos mandou rios de dinheiro para nada fazermos e destruirmos o pouco que tínhamos!

Nunca, em tempo algum, uma previsão foi tão fácil. A Segurança Social vai falir – as reformas serão reduzidas para metade e, com os parasitas sem subsídios, a criminalidade vai disparar. A nossa sorte é que o banditismo será quase exclusivamente português, pois os imigrantes (africanos, brasileiros e eslavos) serão os primeiros a abandonar o barco. E fazem eles muito bem.

Os que, hoje, estão ainda escudados na falsa segurança de grandes empresas (PT, EDP e quejandos) vão ver o seu nível de vida andar para trás de forma acentuada. Os restantes deambularão por aqui e por ali, pois não haverá emprego para ninguém.

As forças de segurança tentarão pôr ordem na coisa, mas acabarão por se cansar e haverá um golpe de Estado, destinado a evitar que o Poder caia na rua. Ninguém nos virá estender a mão – a Espanha, a Irlanda, a Grécia, a Itália e a própria França estarão na mesma situação. Será o fim da União Europeia tal como hoje a conhecemos.

José Sócrates, Mário Soares, Guterres, Cavaco, Durão Barroso e outros vão meter-se num avião e voar para Cabo Verde, onde passarão os restos dos seus dias a apanhar banhos de sol e a comer lagosta no resort de Dias Loureiro.

E será assim 2011. Viva o 25 de Abril, viva a democracia, viva a União Europeia! Ah!, e seremos todos obrigados a aprender Alemão, por ordem expressa desse camafeu chamado Angela Merkell.