sexta-feira, 11 de março de 2011

Geração à rasca


Sinceramente, não sei o que vai dar o protesto deste sábado. Pode até ser que dê em nada, mas duvido. Sei uma coisa: que vou lá estar, em nome não só dos jovens deste País mas também dos menos jovens, inclusive daqueles que andaram toda uma vida a dar no duro e que hoje, já sem forças, são obrigados a viver da inaceitável caridade alheia.

Tal como muitos Portugueses, adorei o 25 de Abril e detestei aquilo em que se transformou. Porquê? Porque todos vimos uma classe política miserável a enriquecer de forma pornográfica, ao mesmo tempo que a classe média herdada do salazarismo era condenada a rivalizar, em qualidade de vida, com a malta das barracas, aqueles que nunca nada fizeram nem querem fazer.

Hoje, volvidos 37 anos sobre todos os sonhos defraudados, volta a dar-me muito gozo assistir a fenómenos como os Deolinda ou os Homens da Luta, fruto de uma geração que não é de todo rasca, mas que, em meu entender, está muito à rasca. Reconheço, sem esforço e com humildade, que a minha geração falhou. E falhou em toda a linha.

Acho muita piada àqueles que menorizam a juventude de hoje. Que são uma cambada de bêbedos, de drogados, de incultos, de preguiçosos, enfim, de parasitas. Nada mais falso. Ontem, tal como hoje, havia jovens para todos os gostos. Mas no meu tempo quem se esforçasse, quem estudasse, quem andasse na linha, tinha o futuro garantido. Hoje isso é impossível. Tira-se um curso (dificílimo...) de Economia e vai trabalhar-se para a Banca (com sorte...) a ganhar 500 euros por mês.

Reconheço que hoje poderá haver mais facilitismo. Que uma percentagem significativa dos jovens dá tudo por adquirido. Mas de quem é a culpa? Deles? Ou nossa? Será que não fomos nós que, em muitos casos, nos demitimos do nosso papel-dever de pais? É bom não esquecer que nos tempos que correm ninguém é velho aos quarenta ou aos cinquenta anos. Que sabe bem ir beber um copo ou passear com a patroa para aqui e para ali. E, claro, sem os fedelhos a chatear.

Em troca dessa demissão deixámos de saber dizer uma palavra muito simples: não! Deixámos de ter a coragem de lhes darmos uns tabefes quando eles merecem porque isso traz muitas chatices. Passámos a dar-lhes tudo e a exigir pouco em nada em troca. O que era verdadeiramente importante era que nos deixassem em paz para que pudéssemos gozar a nossa vidinha.

E agora vêm falar em facilitismo? Em geração-rasca? Não brinquem comigo! Nós falhámos. Pode ser que eles triunfem. Em frente, juventude! Todos para a rua, façam ouvir bem alto a vossa voz!