terça-feira, 20 de abril de 2010

Socratismo ou estalinismo?


A última dos socialistas é de bradar aos céus! Atão não é que o Chefe deu instruções à Galp para que todos os militantes que ali encham os depósitos dos carrinhos passem a ter um desconto de 22 cêntimos por litro? Para os gajos, como eu, que gastam 100 litros de combustível por mês a trabalhar, isso equivaleria a uma poupança anual de 266 euros e sessenta e quatro cêntimos. Mas não, bolas! Falta-me o cartão do Partido…

O estalinismo sempre me deu volta à tripa. Antes da queda do Muro, quando em trabalho tinha de ir à Europa de Leste, agoniava-me ver os gajos e gajas da nomenklatura local passarem à frente de todas e quaisquer filas e gozarem de todo o género de privilégios. Sempre pensei que isso se passava com os regimes afectos ao tio José. Estava enganado. Também se passa no socratismo.

Vejamos. Há uma vaga na Função Pública? Se não tem cartão do Partido esqueça. Há um tacho num qualquer Ministério? Se não é amigo da prima do cunhado do porteiro onde mora o ministro fulano de tal é melhor nem sequer pensar em concorrer ao lugar. Precisa de uma casa camarária boa e baratinha? Se não é jornalista disposto a fazer todo o tipo de fretes nem pense. Tem problemas com as Finanças e quer um perdão fiscal? Se não tem o número de telefone da mulher-a-dias do secretário de Estado da tutela pode continuar a sonhar.

E pronto. Faltava esta – gasolina baratinha para os do Partido. Já agora, Chefe, faça-nos um favor: nacionalize as fábricas de vassouras. Assim aproveitávamos e, com elas enfiadas no cu, por decreto, claro, íamos varrendo a merda que V.Exa faz.

sábado, 17 de abril de 2010

O mamão dos mamões


É sabido que em Portugal o salário médio de um trabalhador por conta de outrem é de cinco euros à hora. Contudo, há neste país pelo menos um trabalhador por conta de outrem que ganha não cinco, nem 10, nem 15, nem 20, mas mais exactamente 29 euros e 21 cêntimos por… minuto.

António Mexia é um tipo com sorte? É, sim senhor. Trabalha na EDP, ou seja, por conta de outrem, recebendo da eléctrica nacional a módica quantia de 1.753 euros por cada hora de trabalho, que é como quem diz, porque estes presidentes dos conselhos executivos passam a vida de cu alapardado e nas almoçaradas.

Se tivermos em conta que o presidente da eléctrica, pago ao fim e ao cabo pelos pacóvios que não têm outro remédio senão enfiar todos os meses o guito na EDP, trabalha como todos os Portugueses 221 dias por ano (descontados feriados, fins-de-semana e férias), chegámos à triste conclusão que o senhor recebe 14.027 euros por dia.

Assim, em 2009, Mexia recebeu um total de 3,1 milhões de euros – 600 mil em salário fixo e o resto em prémios. Isto é, enquanto a carneirada (ou seja, os Portugueses) não recebeu aumentos porque o tempo é de crise, o senhor presidente do Conselho Executivo da EDP mamou 2,5 milhões em bónus.

Sabendo nós que por cada agregado há quatro pessoas e cada casa paga uma média de 100 euros mensais à EDP, será assim necessário juntar todas as facturas correspondentes ao consumo de energia durante um mês de 124 mil pessoas e mandá-las direitinhas para o bolso do senhor presidente.

Já ouvi falar de chulos, mas este bate todos. Prà frente, Portugal!

Ainda há Homens no meu País?


Acho que andam a brincar connosco. O pior é que nós deixamos. Ouço dizer por aí que há uma crise, desemprego e muita gente a passar dificuldades. Não. O que se passa é que há falta de oxigénio nos bolsos dos Portugueses. Esse é que é o problema.

Mas também ouço que vamos mandar 700 milhões para ajudar os gregos. E que se disponibilizaram 20 mil milhões para ajudar os bancos. E que há jogadores de futebol que recebem 800 mil para tomar o pequeno-almoço com o Chefe.

Crise? Sim, está bem, mas para quem? Um milhão de portugueses (assim mesmo, com minúscula) habituaram-se a viver da chulice, dos subsídios que premeiam quem nada faz e que são pagos na íntegra por uma classe média espremida até ao tutano.

E depois há os outros. Os políticos corruptos, os juízes sem vergonha, a escumalha que corrói este país. E que trocam os seus velhos BMW com cinco anos por modelos topos de gama. Pagos pelos palermas de sempre, é claro.

E os palermas calam-se. Aninham-se. São comidos como aquilo que são – amêijoas. Ou seja, são sugados pelas sanguessugas que se apoderaram deste país e que agora até querem colocar um desertor em Belém.

E há as pequenas coisas. Como os centros comerciais que nascem como cogumelos em mata húmida e dão a imagem de um país moderno, mas que acabam com três postos de trabalho por cada um que criam. Bravo.

Ou os chineses. São como as pulgas na praia. Aparece uma, depois outra e de repente temos a toalha cheia delas e vamos embora. Tomam conta de tudo. Instalam-se em todo o lado, arruínam o comércio e ninguém diz nada.

Ensinaram-me a ter orgulho de ser Português. Jurei defender a Bandeira até à morte. Que havia aqui Homens. Percebo hoje que me mentiram. Somos um país de faz-de-conta habitado por um povo de merda. Temos aquilo que merecemos. Parabéns.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A (in)justiça que temos...


A coisa promete. Atão não é que o Emídio Rangel disse alto e bom som naquela palhaçada a que chamam Comissão de Ética que há juízes que violam o segredo de Justiça e entregam aos jornalistas documentos classificados?

Vamos por partes. Nunca gramei o Rangel. Primeiro, porque que é um vaidosola de primeira ordem; segundo, porque é um lambe-botas do Sócrates.

Isso não impede, contudo, que lhe reconheça muito valor pelo desempenho profissional que teve enquanto director da SIC e da RTP.

Os juízes já vieram a terreiro assegurar que Rangel jamais conseguirá provar o que quer que seja. E mais: a associação corporativa mais poderosa do País anunciou que vai mover um processo ao jornalista.

Pergunto eu: só um processo? Atão e não há um tiro na cabeça com uma P38 e um peixe enfiado na boca? Estão a perder qualidades, senhores juízes.

Vamos falar a sério. Toda a gente sabe que o Ministério Público está podre até às entranhas e que os senhores juízes são, a par dos políticos, os principais responsáveis por a nossa suposta democracia ter chegado onde chegou – ao lodo!

E agora os juízes vão pedir uma indemnização porque Emídio Rangel lhes sujou o bom nome? Mas qual bom nome? Senhores magistrados, as mais miseráveis mulheres da rua têm mais bom nome do que os senhores…