terça-feira, 28 de setembro de 2010

Agora é demasiado tarde

E pronto, meus amigos, está feito. Portugal já era. Há um ano, tudo ainda seria possível, mas agora não. E o que era tudo? Simples – tomar o pulso ao País, fazer o diagnóstico e passar a receita. E qual era? Face à situação, de profunda debilidade das nossas finanças públicas, só poderia ser uma: uma dieta rigorosa.

Mas não. Não, senhor. Qual doente com o colesterol na faixa dos 300, sabendo que não pode comer nem mais uma pitada de sal, de fritos e gorduras, Portugal fez exactamente o oposto – lançou-se para a tasca mais próxima e enfardou-se em couratos, bifanas, panadinhos e quejandos. Muito espertos, não há dúvida.

E agora? Agora, meus caros, a verdade é que estamos às portas da morte e precisamos de ser internados. O médico chama-se FMI e, já se sabe, é um tipo sem sentido de humor. Vamos ficar no hospital muito tempo, a pão e água e sopas sensaboronas. Se não obedecermos às ordens do doutor, a alternativa é simples – o cemitério, numa qualquer campa rasa e sem lápide, pois não merecemos outra coisa.

Todos sabemos que Portugal poderia ser um País fantástico. Mas não é. E não é porquê? Primeiro porque tivemos a desgraça de D. Teresa parir um arruaceiro chamado Afonso Henriques, de tão má raça que até os Espanhóis se piraram e este quintal mal amanhado ficou entregue à bicharada.

Depois porque conquistámos meio Mundo e toda a gente deixou de trabalhar, a pensar que ia ficar tudo rico. Como se não bastasse, um rei estúpido, de seu nome Manuel, deu-lhe na veneta para expulsar os judeus, os únicos gajos que tinham jeito para administrar a extraordinária quantidade de riquezas que cá chegava, roubada aqui e acolá.

Finalmente tivemos o ouro e as esmeraldas do Brasil, uma riqueza sem fim, que apenas serviu para que a padralhada erguesse igrejas com pináculos imensos, inversamente proporcionais às erecções que não tinham. E depois África, de onde não tiramos quaisquer dividendos e nos afogamos, em sangue e dinheiro, na guerra mais estúpida da nossa História.

Pensou-se que estava tudo acabado. Mas não. Vieram rios de guito de Bruxelas - marcos, francos, libras. E para quê? Para ser tudo esbanjado por um gordo palermóide chamado António Guterres. E depois veio o Génio. O mais-que-tudo Senhor Engenheiro. O homem que faz estremecer as donas de casa com o seu ar grisalho de Mister Clean e modos abichanados.

E pronto, amigos. Ou vamos arranjar outro maná, e depressinha, ou bora fazer a mala e toca para o hospital comer sopinhas desenchabidas. Por mim, rezo para que a gente não descubra petróleo ao largo de Peniche. Não vá vir por aí mais um arruaceiro, um rei estúpido, um padre pederasta ou, pior ainda, um qualquer primeiro-ministro rabeta tirado da gaveta pelos xuxialistas...