domingo, 9 de outubro de 2011

Ai, América, América...


Tenho poucas certezas na vida. Uma delas, porém, considero-a irrefutável: a eleição e consequente reeleição (porventura ambas fraudulentas) de George W. Bush para a Presidência dos Estados Unidos da América constituíram uma das maiores tragédias que afectaram a Humanidade no século XXI.

Poderia citar vários exemplos para apoiar esta tese, mas fico-me por aquilo que toda a gente sabe: o encobrimento aos ataques do 11 de Setembro, que possibilitaram um retrocesso tremendo nos direitos cívicos e humanos a nível global; as consequentes guerras no Afeganistão e no Iraque; a actuação pornográfica da alta finança, que descambou no descalabro do Lehman Brothers e na consequente falência de milhões de pessoas a nível mundial.

Vem isto a propósito das eleições que se avizinham nos Estados Unidos e que, como sempre, terão consequências a nível global. Antes de mais um esclarecimento: não simpatizo particularmente com Obama e com os democratas, mas considero-os muitíssimo mais preparados para enfrentarem e ultrapassarem com o êxito que todos desejamos o actual estado de coisas, provocado, repito, pela estupidez de Bush e sus muchachos.

Obama, por razões óbvias (crise global, insatisfação crescente de um eleitorado que perde poder de compra a cada lua cheia), corre um sério risco de não ser reeleito. No próximo ano arriscamo-nos assim a ter o mais que provável candidato republicano, Rick Perry (governador do Texas), a assumir-se como novo inquilino da Casa Branca.

Perry, WASP como convém (white,anglo-saxonic and protestant), deverá recolher as preferências da maioria de um eleitorado que sempre olhou com desconfiança para o tom da pele de Obama. Ou seja, os republicanos, apoiados por essa coisa extraordinária que é o Tea Party, voltarão ao Poder. E com ele regressarão personagens de banda desenhada, já não o clã Bush, mas gente da estirpe de uma Sarah Palin ou Ritch Workman.

Palin (ex-governadora do Alasca e antiga candidata à vice-presidência) é um verdadeiro ícone daquilo que é hoje o Partido Republicano – estúpida como uma galinha. Atente-se em algumas das suas extraordinárias posições políticas: questionada na CBS sobre a sua falta de experiência em política externa, mostrou-se indignada: “Quando Putin olha para os Estados Unidos onde é que põe os olhos primeiro? No Alasca, está bom de ver! Como podem dizer que não percebo de política externa?”.

Na mesma CBS, perguntaram-lhe que tipo de revistas ou jornais costuma ler. “Bem, isto é... este e aquele... enfim, todos os que põem à minha frente!”. Outro exemplo: através do Tweeter, perguntaram-lhe por que tinha dito a palavra “refudiada”. Simples: “Ora, vem de refudiar. Até o próprio Shakespeare utilizava novas palavras. Todas as línguas são evolutivas e acho muito bem!”.

Mas há mais. Ainda no que diz respeito à política externa, perguntaram-lhe no talk-show radiofónico de Glenn Beck o que faria no caso de haver hostilidades na península coreana. “Faria o óbvio! Apoiaria os nossos aliados: os norte-coreanos!”. Ou esta: numa angariação de fundos para a construção de escolas primárias no Afeganistão, teve esta tirada brilhante: “Estou muito feliz por estar aqui a ajudar os nossos vizinhos afegãos”.

Que Sarah Palin é estúpida não restam dúvidas. Mas que dizer do seu émulo da Flórida Ritch Workman? Preocupadíssimo com o índice de desemprego que afecta aquele estado, diz ter encontrado a situação ideal: é preciso levantar o ânimo aos americanos. E para que isso seja alcançado é necessário que se divirtam. Assim, nada melhor que voltar a autorizar uma modalidade que tinha sido proibida no início da década de noventa: o congressista quer que volte a ser possível que o pessoal que vai aos bares beber uns copos seja novamente autorizado a... atirar anões contra as paredes!

É verdade, por incrível que pareça!, que uma das maiores animações dos bares da Flórida consistia em esborrachar anões contra a parede, mas devido ao número de paraplégicos a coisa acabou por ser proibida. Workman pretende que a medida seja revogada. É que, diz ele, não só voltava a haver emprego para os anões mas também a malta ficava mais animada.

Eu, que não percebo patavina da politiquice americana, atrevo-me a sugerir uma medida de alcance mais amplo ao senhor Workman: pegar em todos os republicanos e membros do Tea Party, enfiá-los nos porões de navios-tanque, e despejá-los no meio do Atlântico. É que, assim, o mundo via-se livre de uns quantos milhões de imbecis e sobrava emprego para uma série de gente...

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