quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Sem palavras


Se um qualquer Português - que toda a vida trabalhou e sempre cumpriu com o seu dever – ficar a dever 100 euros, por exemplo, às Finanças é de imediato ameaçado com uma penhora. Se um qualquer desgraçado, por exemplo no desemprego, deitar a mão a 100 euros para dar de comer aos filhois vai parar à cadeia. É assim mesmo e todos sabemos que é assim. Como também sabemos que há leis para o comum dos mortais e outras para os chicos-espertos, ou seja, os que estão sob o guarda-chuva de qualquer aparelho político, de preferência ligado ao Poder.

Vem isto a propósito de um inquérito levado agora a cabo pela Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no Banco Privado Português (BPP, o qual onde o impoluto Manuel Alegre fez publicidade...). Pois bem, o que foi apurado é que houve ali um roubo. Não de 100 euros, nem de 100 mil, mas de... 100 milhões! Os culpados já estão identificados. Penhoras? Nenhuma. Prisões? Nenhuma.

Pois está claro que não podia haver consequências. Quem são os culpados? Vejamos – segundo a CMVM, trata-se de o senhor presidente do BPP, João Rendeiro, e de outros dois administradores, Paulo Guichard e Salvador Fezas Vital. Todos estão acusados de branqueamento de capitais, burla, fraude fiscal e falsificação.

A investigação, tutelada pelo Ministério Público e levada a cabo pela Polícia Judiciária, sob a supervisão do DIAP, anda agora numa roda-viva, tentando apurar onde estão os 100 milhões. Sabe-se que, até agora, apanharam uns trocos, estando o grosso da quantia em paraísos fiscais.

Com franqueza faltam-me palavras para descrever o índice de despudor e sem-vergonha a que chegou este País. Perante uma impunidade total, os Portugueses são roubados e espoliados diariamente por uma clique miserável, cujo destino outro não deveria ser senão encostá-los a uma parede, tanto mal têm feito a Portugal. Porém, aposto singelo contra dobrado que estes senhores vão direitinhos para Cabo Verde passar os restos dos seus dias a comer lagosta no resort de Dias Loureiro. E vão em executiva.

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