sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Ele come tudo e não deixa nada


Arnaldo “Olhos-de-Gato” tornou-se um paradigma da forma como (não) funciona a Justiça portuguesa – nas últimas semanas foi detido 80 vezes pelas autoridades, apresentado aos juízes de Instrução Criminal e sempre mandado em liberdade. É obra!

Numa das últimas madrugadas, o rapaz, de 29 anos, foi apanhado em flagrante delito dentro de um café de uma freguesia de Santo Tirso, onde reside. Mais uma vez, foi mandado em liberdade. Mas que palhaçada é esta?...

"Sim, fui eu que entrei no café. Nesse e em muitos outros, mas já confessei ao juiz e ele acreditou em mim", admitiu “Olhos-de-Gato” ao Correio da Manhã. Mas Arnaldo luta por uma causa justa. Ouçamo-lo: "Isto é um acto de desespero. Eu roubo para conseguir dinheiro, já que não tenho trabalho. Quero juntar o mais que puder para ir para Inglaterra e um dia ser alguém".

Para atingir os seus objectivos, o moço não olha a meios e deita mão a tudo o que encontra: dinheiro, comida, tabaco, porcos e pássaros. É o que se pode chamar de ladrão omnívoro, sem dúvida – ele come tudo e não deixa nada.

E assim vai a Justiça portuguesa – quanto pior melhor. Os políticos, claro, aplaudem, pois com semelhante bandalheira jamais poderão ser chamados à pedra pelas escandaleiras. Que prossiga o regabofe!

2 comentários:

  1. Por essas e outras, o desgraçado já devia estar em Londres, mas se as viagens hoje em dia cuastam o pataco de 20 euros, ainda não juntou que chegasse? ah, deve andar a fazer um pé de meia, para depois arrendar casa,e comer no restaurante... não que não vai fazer como o meu filho que para dormir pagava 8 libras por noite numa dessas pousadas de juventude, onde dormiam 8 num quarto, em Manchester, pois, pois, ele não andou a roubar...e comia sandes quando tinha que ser...
    Abraço da laura

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  2. Para não perderem tempo a ler o texto que se segue, fica desde já registada a minha ignorância intelectual: um Estadista é um político, mas para ele a política é o meio e não o fim da boa governança.
    Posto isto, deixo aqui o "meu" contributo para um programa partidário, no que à Justiça diz respeito. E não tem nada de original.
    Simplesmente, ponham em prática, porra...
    Então é assim:
    - os tribunais devem ser pensados e executados de raiz. Não podem, nem devem, continuar em edifícios projectados e construídos, uns para habitação, outros para escritórios, cujo exemplo mais recente do que nunca deveria ser feito encontramos no "Campus da Justiça", no Parque das Nações, em Lisboa;
    - a avaliação do mérito e a inspecção aos funcionários (sim, juízes, também) passarem a ser feitas por uma comissão (ou chamem-lhe o que quiserem) multidisciplinar. Exemplo da sua composição:
    1 juiz de Direito - porque conhece bem como funciona, ou não, a "máquina" - como presidente da dita;
    1 magistrado do Ministério Público;
    1 funcionário judicial;
    1 psicólogo;
    1 sociólogo;
    1 advogado;
    1 solicitador;
    1 economista.
    E dotar os tribunais com um departamento de Recursos Humanos; e
    - o mérito - repito, o mérito - devia ser o único requisito que permitiria a progressão na carreira e, nalguns casos, o acesso a cargos de chefia, seja de um tribunal, seja de uma secretaria judicial.
    Pronto, já está...
    Agora, que me desculpem os que conseguiram ler isto e aqueles que já dizem "pois pois...", mas sou suficientemente presunçoso para julgar que o que acima está sugerido melhoraria a Justiça, torná-la-ia mais célere, vigente, válida.
    E, suprema presunção, tenho a certeza que este País ficava mais "arejado", logo, mais respirável ("sufocam-me" tantos artigos de opinião, tanta produção legislativa e... Nada... Zero).
    Assim, depois de passar de Face Oculta pelo Freeport, pela Guarda, pela Cova da Beira, com pose Independente, chegava, sem passar pela "Casa Pia", ao meu destino... qual Furacão que aí me fez chegar.
    Disse o Panguila e Cassequel.
    Ah!, Arnaldo, desculpa lá qualquer coisinha.

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