sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Meninos da mamã
Detesto fazer comparações, até porque isso geralmente dá maus resultados e as pessoas dizem “ah, lá está o gajo a dizer que no tempo dele é que era bom…”. Mas a verdade é que as coisas estão mesmo a mudar, e muitas vezes para pior. Isto também é válido para o suposto jornalismo que se faz hoje em dia.
O que está a suceder em Port-au-Prince serve de paradigma para o que acabo de dizer. Vejamos: é possível chegar a um terramoto de mala Versace? É; e de vestido de gala? Também; e com trajes de safari para caçar elefantes? Pois claro! Basta atentar na fauna dos ditos jornalistas que tem desembarcado na capital haitiana. Ao que chegámos…
Os chamados jornalistas de hoje são, salvo raras excepções, uns verdadeiros patetas. Meninos e meninas do papá que julgam que vão para aqui e para ali como se fossem para uma festa. E depois descobrem que os barcos se afundam, que os aviões caiem, que o fogo queima, que as armas matam, que os leões comem carne e que o mundo, afinal, não se resume ao Parque das Nações…
No meu tempo, quando um jornalista desaparecia em combate, aparecia quando aparecesse, morto ou vivo. E não se mandavam para lá fragatas para o resgatar nem os telejornais abriam com isso. Estávamos lá porque queríamos, sabíamos onde estávamos e os riscos que corríamos.
Agora os meninos filmam os incêndios, tropeçam num ramo, magoam-se, desatam a chorar por causa do dói-dói e passam a ser notícia. E quando chegam a Port-au-Prince borram-se de medo porque descobrem que aquilo não é uma festa, que há lá pretos maus, que roubam e passam fome. E desatam a chamar pelos papás. Que ridículo! Isto é jornalismo?...
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Eu só consigo comparar o jornalismo, e os jornalistas de hoje, com o jornal e o jornalismo que se fazia há umas décadas atrás. Hoje, a notícia passa sobretudo pela sede do sencionalismo, quer a nível de jornal ou de televisão.Salvo raras excepções, a qualidade dos jornalistas passeia-se pelas ruas da amargura!A nível de televisão,vou reportar-me ao terror que viveu o Haiti, as imagens que nos chegam ultrapassam o limite da dignidade humana!Para percebermos a dimensão da catástrofe não é de todo necessário mostrar entrevistas feitas a sobreviventes aínda soterrados, nem mostrar claramente corpos , inclusive de crianças, totalmente desmenbrados!!Perguntas do género:O que sente neste momento?Se fosse eu uma das vítimas sentiria era vontade de desfazer as trompas a quem me fizesse uma pergunta do género!!A meu ver é de um sadismo atroz quase impor imagens tão crueis! Quanto aos meninos/as jornalistas que se vestem de gala ou carregam malas Versace é porque partem para um cenário de destruição como se de um passeio, ou período de férias se tratasse!!Hoje,para se ser jornalista, basta a cunha de um bom padrinho.Em contrapartida,noutros tempos, para se chegar ao jornalismo impunham-se uma série de exigências principalmente para televisão.A dicção dos jornalistas hoje é péssima, os erros são crassos,e qualquer figura abantesma pode mostrar-se para milhões, haja um padrinho a abençoar o afilhado/a que pode ter jeitinho para tudo menos para fazer verdadeiro jornalismo...Isto, volto a reiterar, salvo raras excepcões.
ResponderEliminarMais havia a dizer, de uma forma geral,sobre jornais,jornalistas, e televisão mas o papo é longo e o espaço deve ser aproveitado para mais opiniões...
Bjo