quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Uma vara de crápulas


Confesso que, não obstante as minhas mais de duas dezenas de anos de Jornalismo, houve um defeito que nunca perdi – começar um texto pelo título. Enfim, cada um é como é e a cão velho não se ensinam truques novos. No caso deste textículo, estarão vocês a perguntar: e por que não uma vara de porcos? Ora, porque uma vara já é de porcos e eu até simpatizo com os bichos, especialmente quando os vejo na grelha. Bom, já chega de trocadilhos de varas, porcos e grelhas. Fiquemo-nos pelos crápulas.

Ontem, terça-feira, os crápulas voltaram a atacar. Com Portugal numa situação miserável, com dois milhões de pobres e outros tantos a caminho, os barões do PS e do PSD não chegaram a entendimento sobre o Orçamento por uns miseráveis 230 milhões de euros, 46 milhões de contos em moeda antiga. Em virtude dessa posição, como consequência imediata, as empresas portuguesas perderam, em Bolsa, qualquer coisa como 800 milhões. Mas há pior: a taxa da dívida disparou, o que acarretará prejuízos colossais.

Quer dizer, não chegaram a acordo por 230 milhões, mas obrigaram-nos a perder milhares de milhões, que vão ser pagos por todos. Os barões socialistas e social-democratas não sabiam que a sua recusa, a sua teimosia, os seus joguinhos politiqueiros, a sua estupidez, teria consequências muito graves para o País? Claro que sabiam. Mas também sabem que são impunes, que podem fazer o que lhes der na veneta porque Portugal, infelizmente, vive num regime completamente mexicanizado, de alternância de Poder entre PS e PSD.

Ontem, terça-feira, socialistas e social-democratas cometeram um erro crasso. Estavam seguros da sua impunidade e enganaram-se. Ou ainda não perceberam que o simpático povinho Português afinal não é assim tão bonzinho? Não viram, ou não quiseram ver, os chefes da Armada, da Força Aérea e do Exército a assistirem fardados, no Parlamento, ao debate sobre o Orçamento? Devem andar mesmo muito distraídos. Se um dia destes derem por eles no Campo Pequeno não se admirem que eu também não.

Podem agitar o que quiserem o fantasma da União Europeia, dizer que se sairmos é o caos, mas o Povo já percebeu que estão a brincar. Mas qual caos? Pior do que estamos? E antigamente não vivíamos? Vivíamos, sim senhor. E já agora bem melhor. Se quiserem continuar assim, se quiserem dar cabo da democracia, que estejam à vontade que eu também estou. E se estão a contar com a Polícia, desiludam-se. Que eles estão tão fartos de os ver engordar como eu.

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