
A última dos socialistas é de bradar aos céus! Atão não é que o Chefe deu instruções à Galp para que todos os militantes que ali encham os depósitos dos carrinhos passem a ter um desconto de 22 cêntimos por litro? Para os gajos, como eu, que gastam 100 litros de combustível por mês a trabalhar, isso equivaleria a uma poupança anual de 266 euros e sessenta e quatro cêntimos. Mas não, bolas! Falta-me o cartão do Partido…
O estalinismo sempre me deu volta à tripa. Antes da queda do Muro, quando em trabalho tinha de ir à Europa de Leste, agoniava-me ver os gajos e gajas da nomenklatura local passarem à frente de todas e quaisquer filas e gozarem de todo o género de privilégios. Sempre pensei que isso se passava com os regimes afectos ao tio José. Estava enganado. Também se passa no socratismo.
Vejamos. Há uma vaga na Função Pública? Se não tem cartão do Partido esqueça. Há um tacho num qualquer Ministério? Se não é amigo da prima do cunhado do porteiro onde mora o ministro fulano de tal é melhor nem sequer pensar em concorrer ao lugar. Precisa de uma casa camarária boa e baratinha? Se não é jornalista disposto a fazer todo o tipo de fretes nem pense. Tem problemas com as Finanças e quer um perdão fiscal? Se não tem o número de telefone da mulher-a-dias do secretário de Estado da tutela pode continuar a sonhar.
E pronto. Faltava esta – gasolina baratinha para os do Partido. Já agora, Chefe, faça-nos um favor: nacionalize as fábricas de vassouras. Assim aproveitávamos e, com elas enfiadas no cu, por decreto, claro, íamos varrendo a merda que V.Exa faz.